terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Cariocas e espinafres...

Outro dia vi no Facebook um grupo pedindo ajuda ao empresário Eike Batista em alguma ação na cidade. Nada mais provinciano do que pedir a pessoa mais bem sucedida na cidade em termos financeiros para que se ajude em alguma coisa que é obrigação do estado ou prefeitura no caso. Acredito até que seja um trote... mas isso levantou uma questão interessante na minha cabeça. O famoso pedantismo carioca.

Que me perdoem os conterrâneos mas é verdade, o carioca se acha. Não sem motivo, a cidade é uma das mais bonitas do mundo, as pessoas são bonitas e o astral "é nota 10!!". Mas vamos combinar, perdemos a realeza mas não a majestade. Todo carioca nasce com o rei na barriga. É o(a) melhor, mora na melhor cidade, tem os melhores amigos e namora a(o) maior gata(o) da Brasil. Não que isso não seja verdade. Mas as vezes... bom, as vezes é só propaganda de auto ajuda.

A uns anos atrás eu escutava muita gente dizer que o Rio era a capital cultural do Brasil e São Paulo a capital econômica. Depois de 5 anos morando em Sampa descobri que essa é mais uma pérola solta em algum lugar do Baixo Gávea ou da Lapa. A capital cultural e econômica do Brasil é São Paulo. Todo mundo que mexe com cultura ou negócios vai pra lá. Seja pra divulgar ou morar. Afinal, cultura sem dinheiro não passa de um bando de mambembes mendigando na rua, o que falar dos negócios. Mas o Brasil não é só São Paulo, e todo mundo que mora lá sabe disso. Afinal, a maioria das pessoas que moram lá, não são de lá.

O Rio tá mais pra Botafogo (quem é carioca vai entender o que estou falando) do que pra capital de alguma coisa. E eu explico. Todo mundo que vem de fora passa pelo Rio porque é uma cidade linda e coisa e tal. Mas tá indo mesmo é pra Sampa ou até pra Porto Alegre. Ultimamente nem isso. Foi o caso por exemplo no ano passado de alguns músicos ou festivais que estão indo direto para outros lugares.

Isso tudo me entristece muito como carioca. Mas a verdade é que enquanto algumas pessoas que se dizem formadoras de opinião na cidade proferirem bobagens bairristas, vamos enterrando mais o que já foi a capital federal.

O Rio precisa de dinheiro. E não dinheiro estatal ou patrocinado. Dinheiro produzido dentro da cidade ou estado. Dinheiro de indústria, turismo... serviços. Dinheiro que gera dinheiro.

Seria bom tirar o rei da barriga e admitir. O Rio não é a capital do Brasil.

Ahh... e o título é esse mesmo.