segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O desejo da valentia...

Curiosamente um bom filme do diretor irlandês Neil Jordan não entrou em cartaz no Brasil. Trata-se de Valente (The Brave One, EUA - 2007). Filme que passou quase despercebido no Festival do Rio do ano passado.
Na mesma época estreava também no mesmo festival o "concorrente" e fenômeno cultural Tropa de Elite.
De qualquer forma, sem tirar o mérito de um ou de outro, Valente é um filme que nos transporta para um questão sempre presente.
Até que ponto iríamos para vingar a perda? A perda de algo muito importante a ponto de esquadrinhar toda uma cidade em busca de um justiçamento perdido.
A resposta a esse desejo infantil é afirmativa segundo o filme. Sim, iríamos perseguir e matar para satisfazer esse desejo, e com sangue de preferência. Não seriamos iguais aos nossos alvos porque na existência humana é impossível compartilhar uma perspectiva exata. O meu lado é mais importante e é isso o que importa.
A justiça é uma coisa, mas o que eu sinto e o que vou fazer é outra.
Independente do que cada sociedade escolha para o seu sistema de valores, o desejo de vingança de cada indivíduo existe em qualquer escala.
E assim vemos a personagem principal, Erica, se desconstruir em nome deste desejo, dessa vontade. Cada tiro, cada vítima é vista de forma justificada, apesar de um erro ou de outro. O algoz vai se tornando em outra pessoa ou outra "coisa" como se auto intitula no filme.
O filme é um manifesto não da valentia ou bravura. É sim um documento sobre o desejo destes dois adjetivos, ou do que advém deles.

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